Câmera, luzes, eleição

IstoÉ Gente, setembro de 2002

Estrela da Globo na sucessão presidencial, Patrícia Pillar detalha a luta contra o câncer, fala do início do namoro com Ciro Gomes, de Serra, de Lula e não exclui voltar a atuar



“Vivi a minha dor plenamente”
Ela descreve o dia em que viu os cabelos
caírem com a quimioterapia, fala do medo
de morrer e diz que viver o amor por Ciro
foi quase impossível

Patrícia Pillar, estava com frio e levemente gripada na tarde da gelada segunda-feira 2, em São Paulo. Era o primeiro momento de pausa numa semana que se mostrou cada vez mais quente, em função do empate técnico entre seu marido, Ciro Gomes, e o candidato do PSDB, José Serra, pelo segundo lugar na campanha presidencial. Com a queda de Ciro e a troca de acusações com Serra no programa eleitoral gratuito, Patrícia assumiu a linha de frente da campanha e foi à tevê, como principal cabo eleitoral do marido. Foi com este espírito que ela deu a seguinte entrevista à Gente:

Você é uma estrela da televisão e agora brilha num universo político-eleitoral. Como está sendo essa experiência?
Eu sou da realidade. Escolhi minha profissão porque gosto de gente. Talvez esses universos não sejam tão antagônicos. O mesmo interesse que eu tinha por gente é o que me faz participar desse processo político.

O que é participar de uma campanha eleitoral como mulher do candidato a presidente?
Por um lado está sendo uma experiência impressionante. Eu vejo carinhas lindas, às vezes com dente às vezes sem dente, com olho azul, negros, mulatos, índios. Vejo pessoas lindas com potencial, às vezes com um talento para medicina, para jogar capoeira, para ser artista de circo, talentos abandonados. Na Amazônia vi uma realidade nua e crua. Tem muita gente brava, valente, com problemas específicos. É uma coisa que me dói o coração.

Como decidiu entrar na campanha de cabeça?
Estou na campanha há muito tempo. Foi uma decisão natural. Tem tudo a ver com o que eu penso. Bom, esse é o homem que eu escolhi para mim, é o homem que eu amo, esse homem tem essa vocação que é linda. Durante um tempo achava muito pesado. Puxa, um homem de 44 anos, desde os 24 anos começou a vida pública, abriu mão de tanta coisa na vida. Nossa, esse homem vai querer ser presidente da República? Vejo os presidentes saindo com os cabelos brancos, envelhecidos. Puxa, será que vale a pena? Mas a vocação dele é enorme.

Entrou na guerra para ganhar?
Entrei. A luta do Ciro é minha luta. Por mim, ficaria no meu cantinho. Quero ajudar o Ciro a mudar o rumo dessa prosa. Quando a gente vai fazer esse Brasil inverter essa lógica?

Foi por isso que gravou para o programa eleitoral?

Quando estava em quimioterapia, achei que o Ciro deveria publicar os artigos dele. O livro (Um Desafio Chamado Brasil) hoje está na 6a edição, entre os mais vendidos. Devo muito ao livro. A gente vê a política com interesses horríveis, e vê um homem desse limpo, bonito, interessante e legal com as pessoas. Ele acha que pode mudar o Brasil. Aí falei: “Eu tô contigo, vou lutar por isso”. Então entrei nos comerciais.

E o lado pesado da campanha?
É chocante. É o poder do dinheiro, da mídia, das instituições, sendo utilizado na campanha. O que a gente vê são manipulações de quem tem dinheiro, de gente organizada que não quer sair do poder. Estou vendo o Ciro sofrer as conseqüências disso. Ele não quer o poder pelo poder e dedicou a vida dele para cuidar das pessoas que mais precisam. Falo como mulher, mas com a maior propriedade porque, antes de conhecê-lo, declarei que o Rio de Janeiro merecia ter um governador como o do Ceará, Ciro Gomes. Estou vendo esse homem que dedica sua força, sua juventude, para defender a diminuição dessa bárbara injustiça social e de outro lado vejo esse poder inteiro reunido para atrapalhar. E para fazer uma lambança, para misturar tudo no mesmo saco para que a população não consiga compreender quem é quem.

Ciro se coligou a Antônio Carlos Magalhães.
Não, o ACM se coligou ao Ciro.

O que acha de ACM?
Eu não tenho que achar nada de ACM.

Por que evita falar sobre ele?
Como? Não venha criar constrangimentos. Não sou política, tenho certeza de que o Ciro está fazendo uma aliança e não vai ficar preso a ninguém. É uma coligação que está dando força.

Mas o que você acha dele?
Muito simpático, um gentleman.

Já tinha conversado com ele?
Eu o encontrei uma vez e ele foi muito gentil.

E como político?
Olha, se você tem um projeto para construir uma igreja, pode ajudar quem quiser, mas a igreja vai ser construída. Mas se você juntar um bando de gente para construir o inferno, é outra coisa. Mas se é para construir uma igreja, um projeto bacana, vamos lá.

Porque acha que chamam o Ciro de pavio curto?
Os políticos em geral se tornaram seres quase não-humanos. Se você é agredido, de alguma maneira tem que se defender. Tornar-se quase não humano é uma coisa a se desconfiar. Ter sangue de barata? Não ter uma reação? É estranho. O Ciro é humano. Isso que colocam como defeito é uma qualidade. A informação chega pela metade, ele é indignado, é um cara corajoso.

Acha que isso pode prejudicá-lo na campanha?
Prejudicá-lo por quê? Os marqueteiros estão iludindo as pessoas. Estão dizendo que o candidato José Serra, co-responsável por tudo desse governo, está se apresentando como candidato da mudança e do emprego. O governo que mais produziu desempregados no Brasil. Quem está enganando? Ele participou de um governo que produziu 11 milhões e 700 mil desempregados. No primeiro mandato eram 4 milhões e 300 mil.

Ficou constrangida após ele ter dito a frase que o seu maior papel na campanha era dormir com ele?

A palavra dormir pode ser interpretada de várias maneiras. Nós simplesmente não temos dormido, a gente dorme um no ombro no outro, o tempo inteiro, nos aviões, nos carros, onde dá. Entre nós a gente está o tempo inteiro brincando: “Vem cá, vamos dormir junto aqui”. Somos um casal feliz, enfrentamos problemas tremendos, mas com muita verdade, com muito amor. O Ciro era casado. Vivemos um momento muito difícil, mas de muito respeito, muita consideração, tanto que a ex-mulher dele continua muito amiga dele.

O que ele quis dizer com a palavra dormir?
Dormir é tranqüilidade, é paz, é confiança. Isso aí foi posto no meio de uma entrevista coletiva que estava tratando de mil outros assuntos, e ele olhou pra mim e resolveu brincar. Ele já tinha respondido antes qual era o meu papel na campanha. Fez muitos elogios sobre minha importância. Perguntaram de novo e ele brincou. Realmente foi infeliz a colocação porque teve duplo sentido. Mas não pelo comentário em si. É uma brincadeira nossa, porque nós estamos exaustos.

Na hora você percebeu que isso traria problemas?
Pensei. Nós dois sabemos bem o que houve. Não me senti nem um pouco atingida. Sei o que ele está falando. Aí pensei: “Ah, meu Deus, lá vamos de novo interpretar isso”. E logo depois ele corrigiu. Fez novos elogios a mim. Ele estava se referindo ao nosso companheirismo, a nossa dedicação um ao outro, à maneira como um está acolhendo o outro. O Ciro é um cavalheiro.

Por que Ciro chamou o ouvinte da rádio de burro?
Primeiro, em todo lugar tem alguém provocando o Ciro. Nesse dia ligou um ouvinte agredindo ele. Qualquer ser humano que tenha honra, que seja limpo, não agüenta. O cara provocou o Ciro o tempo inteiro. No auge da provocação, ele não agüentou e chamou o cara de burro. Tudo bem, podia não ter chamado. Mas o Ciro pediu desculpas aos ouvintes. Isso os marqueteiros dos outros candidatos não mostram.

O que acha de Lula?
Tenho muito respeito por ele. Tenho admiração pela trajetória dele, mas pelo projeto dele, não. Nunca votei no PT como primeira opção.

Por quê?
Já fiz campanha para o Mário Covas em 1989, e no segundo turno votei no Lula. Eu não gostaria dele como presidente do meu país, não acho que ele esteja apto.

Por que não?
Porque o problema hoje é muito complexo.

Por que acha que ele não resolveria?
Por questão de visão.

Como assim?
Não acho que ele tem uma visão abrangente. Está sendo vendido um Lula que não é... (o assessor Egydio Serpa interfere: “Cadê o Serra?”. Patrícia responde: “Sei fazer minhas coisas. Vou falar aqui sem interesses de um lado nem de outro. É o que eu penso”.). O problema é muito complexo hoje,
tem interesses internacionais muito fortes aqui dentro.

Diz isso porque ele não estudou?
Não, não tenho esse preconceito. Acho que ele não pode ter a primeira experiência da vida dele com um cargo executivo de presidente da República. Tinha que ter sido prefeito, governador. Dou maior valor a ele. Metalúrgico, chegou onde chegou, é um exemplo para o povo brasileiro. Mas eu não voto nele para presidente do meu país, não confio que vá atender a necessidades tão complexas.

O que acha de José Serra?
Eu o entrevistei uma vez num programa E por Falar em Cinema no Telecine 3. O tema era a ditadura do Chile e eu achei que seria uma entrevista emocionante. Mas foi um pouco sem graça. Achei ele frio. Hoje, ele não me cumprimenta. Estão usando truques, imagens editadas, na campanha dele. É engraçado chamarem o Ciro de destemperado. Ciro foi chamado para salvar o Plano Real que estava indo para as cucuias, junto com a candidatura do FHC. Ele era destemperado para assumir o Ministério da Fazenda? Por que agora ele não serve?

Seu envolvimento na campanha é uma forma de retribuir o apoio que o Ciro Gomes lhe deu quando descobriu que tinha câncer?
Nunca esperei ter tido o companheirismo que eu tive na minha doença. Na maneira mais otimista que eu pudesse ter sobre um marido, eu não teria chegado perto do que o Ciro foi para mim. Ele abandonou tudo, em dezembro. Eu pedia para ele não contar para ninguém porque eu queria ter um momento de sossego para viver aquilo. Depois decidi: tenho que comunicar isso, posso ajudar as pessoas. O Ciro foi passar um mês comigo, as pessoas ligavam para ele. Ele não contou nem para o maior amigo dele.

É grata a ele por isso?
Eu tive um parceiro. Um companheiro com quem espero ficar a vida inteira. Se por acaso a vida nos separar por alguma razão, o que eu espero que nunca aconteça, eu nunca vou esquecer isso. Vejo a propaganda eleitoral contando meias verdades, pegando pedaços de fita para falar do jeito do Ciro, e me sinto na obrigação de chegar e dizer: “Isso não é verdade”. Estou vendo esse homem ser massacrado por essa propaganda e acho isso uma loucura.

Qual foi o momento mais marcante do apoio de Ciro na doença?
Tantos. Quando fui informada que eu teria que operar, falei: “Ciro, quero saber de tudo. Não deixe que as pessoas me enganem”. E ele cumpriu. Delicadamente, me falava detalhes, a cada momento.

Como foi o último dia da sua quimioterapia?
Quando terminou a sessão, a gente deu um abraço. (Patrícia chora). Era uma clínica, ele ia sempre comigo. Às vezes a gente não precisa dizer nada. Depois eu fiz radioterapia, mas foi uma coisa mais leve. A relação da gente sempre foi muito forte. História de amor.

O que foi para você fazer quimioterapia?
É horrível. Não dá para dizer que não é. A gente pode se tornar uma pessoa melhor depois disso. A gente acha que nunca mais vai sair daquilo. É um enjôo, uma prostração, o coração fica descompassado. Subia três degraus e ficava exausta. Não dava vontade de comer, tinha que comer aquela papinha, às vezes eu não sentia vontade de abrir a geladeira. Alguns dias eu não queria ver ninguém, a não ser o Ciro, ou a minha irmã, minha mãe, meu pai. A auto-estima foi uma coisa que eu resolvi muito bem.

E quando caiu o cabelo?
Não vou dizer que não sofri no dia que caiu o cabelo todo. O médico falou que entre 17 e 21 dias o cabelo ia cair. Fiquei esperando. Dia 17, 18 era Carnaval. Estava animada, numa fase boa da quimioterapia. Aí o Ciro falou: “Vamos lá na Sapucaí!”. Acho que ele nunca tinha ido ao Sambódromo. Aí me animei. Eu estava com o cabelo bem curtinho. Sabia que ia cair e fui me acostumando. Na hora lembrei de um cocar que a gente ganhou de um cara que faz isso em Parintins (AM). Peguei o cocar e perguntei: “O que você acha, Ciro?”. “Ficou linda!”, ele disse. Então botei o meu cocar na cabeça e fui. Foi lindo, nos divertimos. Quando voltei para casa às três horas da manhã, fui tomar o meu banho. Tirei o cocar e já havia uma faixa da careca. Onde o cocar estava apoiado não tinha mais cabelo nenhum. Fui tomar banho, quando olhei pra baixo na banheira, era só cabelo. Quando saí, me olhei no espelho, tinha uns oito (tufos) ainda. Aquilo foi chocante para mim. Foi um momento muito forte.

Você foi chamar o Ciro?
Fui. Foi chocante. Para ele, talvez tenha sido um momento de susto. No dia seguinte chamei cabeleireiro e ele raspou, aí fiquei careca mesmo. O que me ajudou, e o Ciro me ajudou a entender isso, foi a utilidade que aquele momento que eu estava vivendo podia ter para as pessoas. No sentido de divulgar. Descobri cedo, talvez deva a minha vida a isso. 100% não existe na medicina, mas tenho 95% de chance de estar completamente curada. Ajudou ter saído na rua careca, não ter tentado me esconder, nem fingir que nada estava acontecendo. Vivi a minha dor plenamente. Ajudou eu ter me exposto. Quando eu saio da minha toca, é por alguma coisa. Mas não pense que foi fácil não.

Você teve medo de morrer?
Tive pânico. Mas eu não me senti vítima das circunstâncias. Quantas mulheres têm? Por que não comigo? Eu não me senti a pobrezinha. Agora, que risco eu tenho? Procurei ler, procurei me informar, procurei saber o que é que faz uma pessoa escapar disso. Quantas noites eu acordava assustada? Eu dizia: “Poxa, eu sou muito jovem, tanta coisa quero fazer” (Patrícia chora. E pede ao fotógrafo: “Não tira foto minha chorando. Sabe por que? Pra não dizer que tô chorando para pedir voto para o Ciro. É assim que as coisas são. Peço por favor”).

Como contornou isso?
Medo eu tive bastante. Mas vai passando um dia, vai passando outro. Veio a idéia do livro, veio um objetivo. Eu abri meu peito para viver isso. Não botei uma peruca. Mas respeito quem põe, porque é difícil sair na rua careca.

Tem medo que o câncer volte?
Tenho. Mas já tive mais. Ter um câncer é um susto na vida. Às vezes a gente se sente o máximo, cheia de saúde, e de repente vem um furacão e a gente se sente uma mariposa. Uma coisa pequenininha, muito frágil. Passei a dar o maior valor à vida. Acho que saí fortalecida. Não vou dizer que adorei ter tido a doença. Mas eu estou mais satisfeita comigo hoje em dia. Talvez idealize menos as coisas, valorizo cada momento em vez de achar que tem que estar tudo perfeito para eu estar feliz. Nunca fui muito assim, mas a doença dá outro patamar. Não dá para ser matemático, mas tenho por volta de 95% de chance de ficar curada. Em 70% dos casos de um câncer como foi o meu, só com cirurgia eu já estaria curada. Com a quimioterapia isso se estreita, com a radioterapia mais um pouco.

Esses 5% são um tormento?
Antigamente me atormentava. Pensava: ‘Por que o meu caso vai estar entre os 95%?’. Na quimioterapia conheci crianças, jovens, adultos, senhoras, senhores, que já passaram por isso uma vez, duas vezes, três vezes, e estão lutando. Então me amedronta, mas se vier – espero que não venha – vai fazer parte da história da minha vida. Vamos lá. Vou armar minhas forças, organizar meu arsenal de defesa e vou batalhar de novo. Não vejo como uma sentença de morte. Se voltar tenho uma certa chance de lutar contra ele.

Que mudanças a doença trouxe à rotina?
Fazia ginástica todo dia e tive que parar porque não tinha fôlego. Não tinha disposição. Esse remédio que eu tomo engorda um pouquinho e eu tento comer menos. É um remédio para não produzir hormônio. Sinto calores próprios da menopausa. Tive uma mudança hormonal. O tumor que eu tive se alimenta de hormônio. Vou tomar por uns dois anos. Não posso ter filho nesse período.

Isso foi difícil?
Isso pesou. A gente estava a fim de ter filho. Mas tudo bem. Quem sabe daqui a dois anos? A medicina evoluiu muito, a gente tem essa vontade, espero que eu consiga realizar isso.

Como procurou se fortalecer durante a doença?
O tempo todo me concentrei para optar pelo caminho da força, e não de sucumbir ao caminho do medo. Mas também não é para mitificar isso não. A gente sabe que vai morrer, mas a gente tem uma
certa prepotência diante da vida.

Aquela esperança de ser imortal?
É, é verdade mesmo. Quando você sente a morte mais perto, percebe a função que ela tem para a vida. Acho que eu fiquei mais viva. A doença te dá uma sacudida. Sabe a centrífuga? Você enfia ali uma beterraba, sai só o sumo. Talvez eu tenha abandonado umas bagagens. Só tenho aqui comigo o que eu preciso. Abandonei coisinhas, fui largando aí o peso extra que a gente carrega na vida sem necessidade.

Vocês dividiram medos?
Você pode dar força e ser tão protetor que fragiliza a pessoa. Ciro foi bacana porque ele me dava
toda a força e ao mesmo tempo me dava a mão para eu sair do buraco. Um dia eu estava lá estudando a doença: “Mas e os 5% de risco de voltar?”. Eu queria ganhar o prêmio Nobel de medicina. Queria descobrir o que faz você fazer parte dos 5% que não se curam. Um dia, conversando com Ciro, eu dizia: “E se voltar?”. Aí ele falou: “Eu também não sei. Também fico assustado”. Era como se eu estivesse esperando dele uma resposta, que, óbvio, ele não podia dar. Isso talvez tenha sido um marco para mim. Aí eu dei uma relaxada, sabe? “É isso aí! A gente não vai saber responder, nem você que me ama vai saber”. Ele se colocou como homem, com seus limites, com seu amor.

Se fosse contar a história de vocês, como resumiria?
Um amor quase impossível, que se tornou possível, porque nós soubemos fazer isso com respeito, suavidade e vencendo cada etapa.

Você se relaciona bem com a Patrícia Gomes?
Me relaciono bem.

Vocês se encontram?
Encontro normalmente. Não vou ser cínica com você e dizer que somos amigas. Não somos amigas, mas temos uma relação de profundo respeito. Então quero dizer que nós enfrentamos muitas coisas pelo nosso amor. O Ciro é um homem verdadeiro, que enfrentou essa situação difícil, delicada, tem três filhos que ele ama profundamente. Enfrentamos essa situação de uma maneira clara, de uma maneira honesta. Tanto que as pessoas se dão bem. Ele apóia a Patrícia lá, a Patrícia apóia ele.

Como se relaciona com os filhos dele?
É ótimo! Tudo foi com delicadeza. Por isso falei do nosso amor quase impossível, que se tornou possível pela nossa maneira de lidar com isso. Com respeito ao sentimento dos meninos. Era uma situação muito nova para eles. Tudo tem seu tempo, eu nunca forcei a barra, nunca quis substituir a mãe. Nunca quis invadir a vida deles, já não bastasse a invasão involuntária. Mas sempre respeitei muito. Tenho muito carinho por eles. A Lívia (18) é de um jeito, alegre e expansiva, menina brilhante. O Ciro (17) é mais tímido, mas é esperto e inteligente. O Yuri (13) é uma graça, brinca o tempo todo com o pai.

Você chegou a ter alguma conversa séria com eles?
Não, não precisou. Porque essas conversas quem tem é o pai. Se precisou, quem resolveu foi o pai. O que eu posso dizer é: estou aqui, sou uma pessoa legal, podem contar comigo. E aí as coisas vão se ajeitando aos poucos. Tenho o maior respeito e carinho por eles e acho que é recíproco.

Você se vê como atriz, no futuro?
Eu tenho interesse em várias coisas, gosto de atuar, mas eu dirigi o clipe de uma amiga, Eveline Hecker, e estou produzindo o disco dela, com músicas do Zé Miguel Visnik, um músico de São Paulo. Vou dirigir o clipe, organizei o livro do Ciro.

Mas depois da eleição você será a mesma atriz?
Isso não quer dizer que eu não possa voltar a atuar, eu fiz uma novela no ano passado. Eu nunca fiz uma novela atrás da outra. Mas eu não tiro do meu rol de possibilidades voltar a atuar. Agora pode
ser que eu me distancie.

Da Globo?
Não sei, você que está dizendo. Sempre tive uma relação de altíssimo respeito com a Globo, sou contratada da Globo. Mas tem muitas coisas que eu posso fazer. Quero atuar, fazer filmes. O futuro vai dizer.



 

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