Flora: Ela não vai rir por último

Patrícia Pillar torce para que a odiosa vilã sofra no final de 'A Favorita' e diz adorar fazer a novela que 'desperta o detetive que tem em cada um'

Rio - Flora me seqüestrou! Com carga de 20 cenas por dia na novela do horário nobre, ‘A Favorita’, tornou-se missão quase impossível para Patrícia Pillar dar conta de todos os compromissos profissionais e ainda encontrar espaço em sua agenda para atender os jornalistas. Depois de mais um dia de gravação, considerado leve, a atriz saiu do Projac por volta das 17h, direto para a entrevista com a TDB!. A reportagem teve o tempo do trajeto Jacarepaguá–Gávea, no carro guiado pelo motorista, para conversar com a atriz sobre a vilã mais detestada da TV dos últimos tempos. Detalhe: o carro da repórter ficou no Projac e ela, na Gávea. Por Patrícia Pillar vale tudo.

Foto: Isabela Kassow / Agência O Dia

E , se depender do último capítulo que vazou esta semana – publicado pela coluna ‘Telenotícias’, de O DIA –, será exatamente isso que acontecerá a Flora. Atendendo à vontade da maioria, que acha morrer uma pena branda para a odiosa vilã, Flora vai voltar para a prisão. Enquando atravessa os corredores, ela é xingada pelas detentas e passa por um batismo de fogo, com direito a socos e chutes. Em outra cena, aparece com hematomas no corpo e lavando lençóis podres. Ainda assim, seu olhar é vazio, indiferente.

Na última semana da novela de João Emanuel Carneiro, o Brasil quer saber: qual será o fi m de Flora? “Isso é uma questão. Não consigo imaginar. Ela junta o que pode haver de pior. Flora tem um vazio profundo e encontrou no poder a maneira de dominação”, avalia Patrícia, esquivando-se da pergunta. “Já tentei, já matutei, mas não sei e o João Emanuel não conta”, ri, para finalmente responder seu desfecho para a vilã: “Acho bom ela sofrer, Flora tem que sofrer. Voltar para a cadeia talvez seja o maior sofrimento, mais do que morrer”.

Depois de sete meses no ar, a aniversariante do dia, que completa hoje 45 anos, despede-se de Flora com a sensação de dever cumprido e colhe nas ruas o carinho do público. “Fiz o melhor que pude. Sinto o reconhecimento do meu esforço, do sacrifício, do empenho”, afirma ela, referindose, por exemplo, às 50 páginas de texto que ‘entende’ semanalmente. “O volume de trabalho é o mais difícil. As cenas são complexas”.

Mas de onde sai uma Flora de uma pessoa que aparenta ser tão doce? “Trabalho. Não baixa (um espírito), não tem nada disso. É resultado de estudo e de um texto bem escrito”, responde. No entanto, devido a uma forte autocrítica, Patrícia se nega a dizer que sai de ‘A Favorita’ 100% satisfeita. “É um personagem maravilhoso que o João Emanuel escreveu lindamente, uma novela que adoro fazer, é interessante, ousada e que desperta o detetive que existe em cada um. Estou muito satisfeita com esse trabalho, mas 100% não existe”, reforça. “Foi um trabalho que me provocou internamente e me fez ir por lugares que eu ainda não tinha ido. Essa é a beleza do meu ofício, mesmo que o personagem seja o avesso de mim, como é a Flora, me ensina a descobrir coisas interessantes. A alma humana, o comportamento, as relações...”

Justamente pelo perfeccionismo, Patrícia teve seu nome estampado em notas maldosas como se estivesse dando trabalho à produção da novela. “Sou exigente. Me sinto na obrigação e tenho o desejo de fazer o melhor: em respeito a mim, às pessoas que assistem e ao trabalho em si. O mesmo acontece no esporte, você tem que romper seus limites. Esse é o desejo do ser humano: expandir”, explica a atriz, antes de enumerar seus “pedidos” nos bastidores. “Concentração, respeito, todas as coisas naturais de quem está trabalhando”, enumera. Na ocasião, foi dito que a atriz pedia à produção que arrumasse até seus fi os de seu cabelo. “Não tenho nem paciência para responder sobre isso. É falta de notícia”, resume ela, descartando comentários sobre o que chama de ‘não-notícia’, como por exemplo, que ela estaria andando com seguranças. “Eu vou às ruas, não ando com seguranças, nunca andei nem nunca vou andar”, esclarece.

Com experiência de sobra, Patrícia coleciona trabalhos a que dá tanta importância quanto dá a Flora: o fi lme ‘Zuzu Angel’, as novelas ‘Cabocla’, ‘Rei do Gado’ e ‘Renascer’. “Em 25 anos de profi ssão é um dia atrás do outro, daqui a pouco vem um outro personagem, um melhor, outro pior. A vida segue, não muda por causa de um personagem. A vida é muito mais do que isso”, minimiza a mulher do deputado Ciro Gomes. Na vida política há quase 30 anos, especula-se que Ciro vá se candidatar à presidência em 2010, o que faria de Patrícia Pillar a primeira-dama do Brasil. “Não é o caso dessa conversa agora”, desconversa ela, sem responder se já parou para analisar a possibilidade: “Está muito cedo para pensar nisso”.

Praticamente ‘livre’ de Flora, a atriz só tem um pensamento: férias. “Quero ler, ouvir música, estar com os amigos, ir à praia. Vi a praia agora (quando o carro passou por São Conrado) e me lembrei que faz tempo que nem a vejo. Gosto de ir”, diz, para em seguida ser questionada do incômodo dos fotógrafos. “Paparazzi é chatérrimo, mas não deixo de ir a lugar algum”. Para este ano, ela quer lançar o documentário que dirigiu, ‘Waldick Sempre no Meu Coração’, e curtir: “Foi um ano de muito trabalho”.



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